Em resposta às tarifas adicionais impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros — o chamado “tarifaço” — o Governo Federal lançou o Plano Brasil Soberano (ago/2025), com o BNDES operando crédito emergencial para preservar produção, emprego e competitividade. Em 23 de outubro, o Plano já somava R$ 5,3 bilhões aprovados em 371 operações, com foco em capital de giro, diversificação de mercados e bens de capital.
O Plano Brasil Soberano foi instituído pela MP nº 1.309/2025, com critérios de priorização e regras complementares definidos por portarias do MF/MDIC.
O que é o “tarifaço” e qual o impacto esperado
O “tarifaço” é o termo usado para as tarifas adicionais dos EUA sobre exportações brasileiras. Embora a Fazenda estime um impacto agregado “modesto” (−0,2 p.p. no PIB até dez/2026), segmentos industriais específicos (máquinas, eletrônicos, químicos, têxteis, papel, móveis, etc.) podem sofrer mais — daí o caráter emergencial do Plano.
Observação: houve ajustes setoriais desde setembro (ex.: celulose e ferro-níquel tiveram alíquotas removidas), mas 9.803 códigos NCM seguem sujeitos às tarifas adicionais, segundo o MDIC.
Quanto já foi aprovado (e qual o potencial total)
- Aprovado até 23/out/2025: R$ 5,3 bilhões (371 operações), com destaque para capital de giro e projetos de busca de novos mercados (R$ 2,39 bi).
- Pipeline e capacidade: o governo sinalizou até R$ 30–40 bilhões em crédito via BNDES no âmbito do Plano.
Quem pode acessar e prioridades
Podem acessar pessoas jurídicas exportadoras de bens afetadas por qualquer percentual de tarifa, observando priorizações do Plano (manutenção de empregos, porte, intensidade do impacto e cadeia produtiva). Há caminhos tanto via bancos credenciados (micro, pequenas e médias) quanto direto no BNDES (grandes).
As principais linhas e usos do crédito
- Capital de Giro — reforço de caixa para preservar operações e empregos.
- Giro para Diversificação de Mercados — recursos para entrar em novos destinos, obter certificações, adequar produto/embalagem, prospecção e logística. Em 13/out, havia R$ 1,6 bi aprovados nessa frente.
- Bens de Capital — financiamento para máquinas e equipamentos, atualizando capacidade produtiva.
Dica: verifique no seu banco credenciado quais itens e despesas são financiáveis em cada produto (as regras variam por linha).
Passo a passo prático para solicitar
- Comprove o impacto do tarifaço
Reúna NF/exportações afetadas, cancelamentos/postergamentos, compressão de margens e evidências de variação de custos. - Defina o objetivo do crédito
Caixa imediato (giro) ou reorientação comercial (diversificação)? Liste usos: certificações, feiras, canais, logística, adequações. - Escolha o canal
Procure seu banco credenciado ao BNDES para simular taxas e prazos; grandes empresas podem tratar diretamente com o BNDES. - Organize a documentação
Demonstrações financeiras, faturamento, quadro de funcionários, endividamento, garantias, plano de uso do crédito e indicadores de impacto. - Acompanhe seu protocolo
O governo reporta demanda crescente (470 pedidos até 23/out; R$ 8,27 bi em crédito demandado), por isso antecipe a solicitação.
Custos, limites e garantias: o que observar
- Condições financeiras: comunicados indicam juros abaixo da Selic em parte das linhas, com condições mais favoráveis às empresas mais afetadas; há também faixas para quem sofreu tarifas menores. Confirme no agente financeiro a condição aplicável ao seu caso.
- Garantias: uso de fundos garantidores e instrumentos complementares foi incluído no pacote do Plano.
- Critérios de priorização: definidos por portarias do MF/MDIC (emprego, intensidade do impacto, cadeia).




