A indústria brasileira convive com desafios conhecidos: custo Brasil elevado, infraestrutura limitada, complexidade tributária e competição global cada vez mais intensa. Nesse contexto, políticas que estimulam investimento privado em pesquisa, desenvolvimento e inovação (P&D) ajudam a reduzir parte dessas desvantagens e abrem espaço para produtos com maior valor agregado, novos modelos de negócio e aumento de produtividade.
A Lei 11.196/2005, conhecida pelo capítulo que trata de incentivos à inovação, consolidou-se ao longo dos últimos 20 anos como o principal instrumento de fomento ao investimento privado em P&D no país.
A política em números: o que já foi movimentado
Trazer dados concretos ajuda a entender a dimensão do impacto sobre a indústria.
Panorama recente de investimentos
- Em 2022, empresas beneficiadas investiram cerca de R$ 35,1 bilhões em pesquisa, desenvolvimento e inovação, um crescimento de 29% em relação a 2021.
- Esse montante veio de aproximadamente 3,5 mil empresas e 13,7 mil projetos inovadores espalhados por diferentes setores.
Visão de mais longo prazo
- Entre 2006 e 2014, foram investidos mais de R$ 60 bilhões em despesas de capital e custeio vinculadas a P&D, o que representou cerca de 19% do total investido em PD&I privado no período.
- Esses recursos contribuíram para a implementação de novos centros de pesquisa corporativos, ampliando a capacidade instalada da indústria em inovação.
Dados mais recentes consolidam a tendência
- Em 2024, o mecanismo direcionou R$ 51,6 bilhões para inovação por meio de aproximadamente 14 mil projetos, reforçando seu papel na agenda de competitividade produtiva.
Para o leitor de topo/meio de funil: esses números mostram que se trata de uma política já madura, usada de forma consistente por grandes grupos industriais – e ainda com espaço para expansão entre empresas médias.
Como isso se traduz em competitividade da indústria brasileira
Os resultados aparecem em várias frentes que, combinadas, elevam a competitividade:
3.1. Mais capacidade de investir em P&D
O incentivo reduz o custo efetivo dos projetos e torna viável:
- desenvolvimento de novos produtos e componentes;
- adaptação tecnológica para atender normas técnicas e regulatórias;
- melhoria de processos industriais, automação e digitalização;
- testes de escala piloto e prototipagem.
Na prática, projetos que ficariam “na gaveta” passam a ser implementados, o que aumenta o pipeline de inovação da empresa e melhora sua posição competitiva no médio prazo.
3.2. Fortalecimento da cultura de inovação nas empresas
Para aproveitar o benefício, a indústria precisa organizar processos internos de P&D, como:
- mapeamento de atividades elegíveis;
- registro sistemático de experimentos, testes e resultados;
- governança de portfólio de projetos;
- maior interação entre áreas técnica, fiscal e estratégica.
Esse movimento faz a empresa tratar inovação não apenas como iniciativa pontual, mas como parte da gestão do negócio, o que tende a gerar resultados mais consistentes.
3.3. Aumento de produtividade e valor agregado
Projetos apoiados pelo mecanismo costumam gerar:
- ganhos de eficiência (menos desperdício, menor consumo de insumos, redução de retrabalho);
- melhor qualidade de produto, o que permite acessar mercados mais exigentes;
- diferenciação em relação a concorrentes que operam apenas em nível de preço.
Para a indústria brasileira, isso significa mais condições de competir em cadeias globais de valor, não só como fornecedora de itens padronizados, mas como parceira em soluções tecnológicas.
O paradoxo: muito impacto, pouca adesão
Apesar dos resultados positivos, a adesão ainda é baixa quando comparada ao universo de empresas aptas:
- estimativas apontam que menos de 3% das empresas que poderiam utilizar o mecanismo de incentivo o fazem hoje.
Os principais obstáculos relatados por companhias industriais são:
- desconhecimento dos requisitos e das possibilidades de enquadramento de projetos;
- percepção de complexidade nos relatórios técnicos exigidos;
- visão do benefício apenas como ferramenta contábil, e não como estratégia para alavancar competitividade.
Na prática, isso significa que uma parte relevante da indústria, especialmente empresas de médio porte inseridas em cadeias produtivas, ainda deixa valor sobre a mesa.
Oportunidades para a indústria: onde estão os maiores ganhos
Para empresas de topo/meio de funil – que já investem minimamente em desenvolvimento de produtos, engenharia de processos ou digitalização – o uso estruturado dessa política pode:
- acelerar a transformação digital da planta industrial, viabilizando projetos em automação, IoT, analytics e inteligência artificial;
- ampliar cooperação com universidades, startups e centros de pesquisa, com projetos conjuntos de desenvolvimento tecnológico;
- apoiar a internacionalização, ao financiar adaptações para normas internacionais e certificações exigidas em mercados externos;
- fortalecer o posicionamento em nichos de maior valor agregado, como soluções customizadas, serviços embarcados e modelos “as a service”.
Do ponto de vista do país, ampliar o número de empresas inovadoras significa aumentar a densidade tecnológica da indústria, com reflexos na produtividade, nas exportações e na geração de empregos qualificados.
Caminhos para aproveitar melhor o mecanismo
Para a empresa industrial que está no início dessa jornada, alguns passos práticos ajudam:
- Mapear projetos já em andamento: muitas atividades de engenharia, testes e melhorias de processo já realizadas no dia a dia podem ser classificadas como P&D.
- Estruturar minimamente a gestão de projetos: registrar objetivos, hipóteses, experimentos, resultados e aprendizados aumenta a segurança técnica e fiscal.
- Conectar estratégia e P&D: priorizar projetos que tenham impacto direto em produtividade, acesso a novos mercados ou redução de risco tecnológico.
- Buscar apoio especializado quando necessário: consultorias, entidades de classe e associações setoriais podem apoiar a interpretação da legislação e a preparação de relatórios.
Quem deve considerar usar o BC Protege+?
O serviço pode ser interessante para perfis diversos, especialmente para quem quer reduzir a exposição a fraudes ligadas à abertura de contas com dados pessoais. Alguns exemplos de públicos que tendem a se beneficiar:
- Pessoas que raramente abrem novas contas e preferem manter o CPF “travado” por padrão.
- Idosos e grupos mais vulneráveis, que sofrem com golpes recorrentes e uso indevido de documentos.
- Quem já teve dados vazados ou sofreu fraude de identidade.
- Pequenos empresários que desejam maior controle sobre quem pode incluí-los como representantes em contas de pessoa jurídica.
O importante é entender que o BC Protege+ atua na etapa cadastral, impedindo que uma conta seja aberta em seu nome sem sua intenção, mas não substitui cuidados básicos em relação a links suspeitos, ligações, mensagens pedindo códigos ou transferências via Pix.
Competitividade como resultado de política bem usada
Os dados dos últimos anos mostram que a política de estímulo à inovação prevista na Lei 11.196/2005 já movimentou dezenas de bilhões de reais em P&D, ajudou a criar e fortalecer centros de pesquisa corporativos e se consolidou como um dos pilares da competitividade da indústria brasileira.
Ao mesmo tempo, a baixa adesão em relação ao universo de empresas aptas indica um espaço relevante de crescimento, especialmente entre indústrias de médio porte. Aproveitar melhor esse instrumento significa transformar parte do esforço tributário em investimento direto em tecnologia, produtividade e diferenciação, com impacto concreto no posicionamento da indústria nacional no cenário global.





