A inovação é cada vez mais reconhecida como motor essencial de crescimento econômico, competitividade internacional e desenvolvimento sustentável. Países que investem em ciência, tecnologia, educação e ambientes regulatórios favoráveis tendem a colher os frutos não só em produto interno bruto, mas em qualidade de vida. Neste contexto, chama atenção a recente queda do Brasil no Índice Global de Inovação de 2025, divulgado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI). Mas o que levou a essa queda, como estávamos antes e como nos comparamos com os demais países? Este artigo se propõe a responder essas perguntas.
O que é o Índice Global de Inovação (GII)
- Publicado anualmente pela OMPI com parceiros, avalia cerca de 80 indicadores envolvendo inovação de insumos (“inputs”) e resultados de inovação (“outputs”).
- Os inputs incluem pilares como instituições, educação / capital humano, infraestrutura, sofisticação de mercado, sofisticação de negócios.
- Os outputs envolvem conhecimento & tecnologia, além de criatividade (produtos criativos, marcas, patentes etc.)
Como era a posição do Brasil até 2024
Até 2024, o Brasil ocupava a 50ª posição entre 133 economias no Índice Global de Inovação, liderando a região da América Latina e Caribe. O resultado representava uma recuperação em relação a anos anteriores, já que estávamos em uma trajetória de pequenas ascensões no ranking, consolidando-nos como referência regional. Apesar disso, o desempenho brasileiro ainda mostrava fragilidades: embora apresentasse bons resultados em outputs de inovação, como marcas registradas e produção tecnológica, os indicadores de base, instituições, educação, infraestrutura e investimentos em P&D, permaneciam como pontos de atenção. Essa combinação de avanços limitados e desafios estruturais já sinalizava que a posição alcançada poderia não se sustentar nos anos seguintes. DES, Finep), incentivos fiscais e estratégias de captação internacional.
O ranking 2025: qual é a nova colocação do Brasil
Em 2025, o Brasil caiu para a 52ª posição no Índice Global de Inovação (GII), entre 139 países avaliados. Essa queda representa duas posições a menos em comparação ao ano anterior, confirmando uma tendência de recuo recente. O país também deixou de ser o líder absoluto da América Latina no quesito inovação, visto que o Chile ultrapassou o Brasil em 2025. Além disso, entre as nações de renda média-alta, o Brasil passa a ocupar apenas a 5ª posição, atrás de China, Malásia, Turquia e Tailândia.
Motivos da queda
Com base nos relatórios e notícias recentes, os principais fatores que contribuíram para a queda do Brasil foram:
Indicadores de instituições, mercado e capital humano apresentando desempenho fraco. Em particular:
- Estabilidade regulatória ruim (Brasil aparece mal posicionado em estabilidade regulatória).
- Formação de capital bruto (investimento físico) baixo.
- Baixa taxa de graduados em ciência e engenharia.
Estagnação ou queda nos inputs de inovação: apesar de alguns outputs (como marcas registradas, adoção de tecnologia etc.) mostraram avanços, os recursos de base — educação, pesquisa, infraestrutura — não acompanharam.
Concorrência crescente de outros países: países vizinhos ou com perfil similar têm avançado mais rapidamente em certas dimensões de inovação. O Chile, por exemplo, ultrapassou o Brasil em 2025.
Desafios macroeconômicos / políticos podem ter impactado a atratividade para investimento em P&D, incerteza regulatória etc. Embora menos citados diretamente nos dados do GII, são fatores de contexto que influenciam instituições e ambiente de negócios.
A queda do Brasil para 52ª posição no Índice Global de Inovação em 2025 não é uma surpresa total, dado que alguns pilares estruturais não vinham sendo suficientemente fortalecidos. O país ainda exibe capacidades relevantes em transformar recursos em resultados (outputs), mas os insumos de inovação estão estagnados ou sofrendo retrocessos. Com o Chile à frente, e outros países emergentes ganhando terreno, o Brasil precisa agir rapidamente se quiser recuperar posição e aproveitar plenamente o potencial de inovação. As ações que envolvem educação, instituições sólidas, regulação estável e investimentos estratégicos são centrais para isso