A Reforma Tributária sobre o consumo entrou em fase de transição e, para empresas, isso significa conviver com regras novas e antigas ao mesmo tempo, ajustar processos, sistemas e governança, e reduzir risco de decisões atrasadas. A própria transição foi desenhada para ser gradual, com início de uma “cobrança teste” em 2026, usando alíquotas de referência de IBS (0,1%) e CBS (0,9%), e horizonte até 2033 para consolidação do novo modelo.
O que muda na prática durante a transição
A transição cria um período de sobreposição entre o sistema atual e o IVA dual, com obrigações acessórias, ajustes de documentação fiscal e necessidade de rastreabilidade mais consistente de bases, créditos e alíquotas por operação. Em 2026, a cobrança teste de IBS e CBS funciona como um “ensaio geral” operacional para empresas e para o fisco, com regras de dispensa de recolhimento condicionadas ao cumprimento das obrigações acessórias correspondentes.
Por que um roadmap executivo é diferente de um “plano tributário”
Um roadmap executivo não é uma lista de tarefas do fiscal. Ele organiza decisões por ciclo de negócio, traduz impacto em margem e preço, define donos por tema e cria ritos de acompanhamento com indicadores claros. Em uma transição longa, como a prevista até 2033, o risco mais comum é executar ajustes isolados e perder coerência entre áreas, por exemplo ERP, faturamento, jurídico, compras, comercial e controladoria.
Estrutura recomendada do roadmap 2026–2033
1) Governança e patrocínio (primeiras 4 a 8 semanas)
- Nomear sponsor (CFO/COO) e um líder de programa (PMO) com autonomia.
- Definir comitê interno com fiscal/tributário, TI, financeiro, comercial, compras e jurídico.
- Criar uma matriz de decisões, o que é “decisão executiva” versus “decisão técnica”.
Entregáveis práticos: calendário de ritos, trilha de aprovações, mapa de riscos e dependências.
2) Diagnóstico orientado a impacto (60 a 90 dias)
Em vez de revisar tudo, priorize onde a reforma tende a mexer em caixa e margem:
- Produtos/serviços com grande variação de alíquota efetiva hoje.
- Cadeias com muitos elos e créditos relevantes.
- Operações interestaduais e com municípios diversos.
- Contratos longos, reajustes, cláusulas de preço e impostos.
Entregáveis práticos: “mapa de exposição” por unidade de negócio e cenários de impacto (otimista, base, conservador).
3) Plano de adequação de dados e sistemas (trilha contínua)
A transição costuma falhar por dados incompletos, não por tese tributária. Estruture três frentes:
- Cadastros: NCM/serviço, natureza de operação, enquadramentos, regimes e exceções.
- Documentos fiscais: regras de emissão, validações, eventos e integrações.
- Apuração e conciliação: trilha de auditoria, reconciliações e evidências.
Como referência, 2026 tende a ser o primeiro grande teste operacional, então a maturidade de dados e integração precisa estar adiantada para evitar retrabalho durante o ano.
4) Modelo de precificação e repasse (ciclos trimestrais)
Inclua no roadmap uma rotina executiva para:
- simular impactos por linha de produto e canal,
- revisar políticas comerciais e descontos,
- adaptar cláusulas contratuais e regras de reajuste,
- definir estratégia de repasse, absorção ou reposicionamento.
Entregáveis práticos: política de repasse, playbook de negociação e diretrizes para propostas/renovações.
5) Controles, compliance e comunicação (trilha contínua)
- Treinar áreas que “tocam a operação” (comercial, compras, faturamento, CSC).
- Criar manuais curtos, com exemplos reais da empresa.
- Formalizar controles de qualidade, amostragens e auditorias internas.
Linha do tempo para ancorar o roadmap
Para o planejamento executivo, vale trabalhar com marcos de referência:
- 2026: início da fase de testes, com IBS (0,1%) e CBS (0,9%) como cobrança teste e foco em obrigações acessórias e capacidade operacional.
- Até 2033: período de transição e convivência dos sistemas, culminando na implementação integral do IBS e CBS ao final da transição.
KPIs para acompanhar mensalmente no comitê executivo
- % de cadastros críticos saneados (itens/clientes/fornecedores)
- % de documentos fiscais emitidos sem rejeição/ajuste manual
- divergências de apuração e conciliação (valor e recorrência)
- tempo médio de correção por incidente fiscal
- variação de margem por categoria após ajustes de preço e contrato
Checklist rápido para começar nesta semana
- Definir sponsor, líder do programa e comitê interno.
- Levantar 20 operações mais relevantes em receita e margem e simular impacto.
- Mapear gaps de ERP/faturamento/documentos fiscais para 2026.
- Criar um calendário trimestral de decisões: preço, contratos, sistemas, treinamento
Um roadmap executivo bem feito transforma a transição da Reforma Tributária em uma sequência controlável de decisões, com métricas e entregas claras, reduzindo improviso e retrabalho à medida que 2026 avança e o cronograma segue até 2033. Para dar velocidade com consistência, vale usar um motor de simulação e acompanhamento, como o ReformaCalc, para comparar cenários, registrar premissas e apoiar decisões de preço, contrato e operação com base em dados.





