Mesmo sendo um dos motores de inovação do país e respondendo por 24,8% do PIB, o Agronegócio figura com participação mínima na Lei do Bem: 1,26% das empresas beneficiárias. Em 2022 (ano-calendário 2021), o setor investiu R$ 414,16 milhões em PD&I via mecanismo — volume que, segundo a Gröwnt, poderia ser seis vezes maior com estratégia e governança adequadas.
Por que isso importa?
O agro brasileiro vem acelerando produtividade, digitalização e eficiência operacional. Ainda assim, utiliza pouco o principal incentivo fiscal para Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), perdendo competitividade tributária e velocidade de inovação que poderiam ser capturadas com a Lei do Bem.
Há um potencial reprimido enorme a destravar no Agro via Lei do Bem. Historicamente, a participação é irrelevante, quando poderia chegar facilmente a dois dígitos, com ganhos econômicos para toda a cadeia”
Fabrizio Gammino, sócio-fundador da Gröwnt.
O pano de fundo em números
- Participação do agro na Lei do Bem: 1,26% das empresas beneficiadas.
- Investimentos do agro via Lei do Bem: R$ 414,16 milhões em 2022 (ano-calendário 2021), conforme o Panorama da Lei do Bem 2023, estudo exclusivo da Gröwnt.
- Recorde geral da Lei do Bem: R$ 27,19 bilhões investidos em 2022 com economia tributária reinvestida em inovação.
- Total de empresas que pleitearam o benefício: 3.012, sendo 38 do agronegócio.
Entre nossos clientes, a média é de R$ 1 milhão/CNPJ em PD&I — cerca de 0,5% da receita líquida. É um patamar aquém de outros segmentos que operam projetos muito mais robustos”
Rodrigo Moro, Head de Inteligência e Inovação da Gröwnt e coordenador do estudo.
Onde o agro investe em PD&I - via Lei do Bem
- Pesquisa aplicada: 94,65%
- Desenvolvimento experimental: 5,35%
- Principais frentes exemplificadas:
- Controle de pragas com insumos alternativos aos defensivos químicos
- Melhoramento genético e novas práticas agronômicas
- Soluções de sustentabilidade para o agronegócio
- Softwares de gestão e automação de processos (do campo à indústria)
- Aumento de produtividade e qualidade do produto final
Composição dos dispêndios: ~84% em horas de equipe própria dedicada à PD&I e 16% em terceiros.
Score médio de Inovação do Agro (0–13): 6,2, acima da média geral (5,3).
Concentração geográfica
68% das empresas do setor de Agricultura, Pecuária e Serviços Relacionados beneficiadas estão nas regiões Sul e Sudeste.
Para Gammino, o benefício ainda é pouco conhecido no país: “Falta estímulo e informação. Muitas empresas e cooperativas deixam dinheiro na mesa por não estruturarem projetos elegíveis e perdem competitividade.”
Por que o uso é baixo?
- Desconhecimento dos critérios de elegibilidade e de como provar a “novidade/risco tecnológico”
- Fragmentação de iniciativas de inovação (sem portfólio ou trilhas tecnológicas)
- Governança documental insuficiente (rastreabilidade e evidências técnicas)
- Medo de auditoria por falta de compliance e controles
- Confusão entre capex operacional e dispêndios de PD&I reconhecíveis pela Lei
Como o agro pode mudar o cenário
- Mapear trilhas tecnológicas do negócio (sustentabilidade, genética, biológicos, automação, IA aplicada, rastreabilidade, pós-colheita).
- Estruturar portfólio de projetos com hipóteses técnicas, riscos e métricas de PD&I.
- Implementar governança de evidências (atas, cadernos de laboratório, código-fonte, versões de software, protocolos de campo, resultados de testes).
- Modelar os dispêndios (horas próprias x terceiros; materiais; software; prototipagem) e alinhar centros de custo.
- Rodar um piloto de conformidade em 1–2 projetos para criar playbook e acelerar a expansão.
- Conjugar incentivos (Lei do Bem + linhas de financiamento e outros mecanismos compatíveis) para alavancar ROI.





