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Para estruturar a área de inovação em empresas de médio e grande porte, o ponto de partida é definir uma tese com arenas prioritárias, escolher um modelo organizacional coerente com a maturidade, centralizado, distribuído, hub-and-spoke, lab, venture building e complementar com inovação aberta, e implantar processos repetíveis de intake, discovery, piloto e escala, apoiados por governança de portfólio, orçamento por horizontes, papéis claros e indicadores que combinem velocidade, qualidade do funil e impacto. No contexto brasileiro, dados da PINTEC reforçam a relevância do tema ao indicar alta taxa de inovação e investimentos expressivos em P&D, o que aumenta a exigência por gestão disciplinada para transformar investimento em resultados.
Estruturação de inovação

Estruturação de inovação: como estruturar a área em empresas de médio e grande porte: modelos, processos e boas práticas 

Estruturar uma área de inovação deixou de ser um tema restrito a “laboratórios” e passou a integrar a agenda executiva, especialmente em empresas que precisam equilibrar eficiência do core com crescimento em novos produtos, serviços e modelos de negócio. No Brasil, a PINTEC Semestral 2022 apontou taxa de inovação de 68,1% e investimentos de R$ 36,9 bilhões em P&D interno por empresas industriais inovadoras com 100+ pessoas ocupadas, o que reforça o tamanho do movimento e a necessidade de organizar capacidades internas para transformar investimento em resultado. 

O que uma área de inovação realmente faz

Em termos práticos, gestão da inovação é o conjunto de rotinas, decisões e mecanismos para identificar oportunidades, testar hipóteses com velocidade e escalar o que funciona com segurança operacional e financeira. Uma definição útil para orientar escopo é a do Manual de Oslo, referência internacional de mensuração de inovação, que considera inovação como implementação de novidade ou melhoria relevante em produto, processo, organização ou marketing. 

Em empresas de médio e grande porte, a área de inovação costuma ser responsável por: 

  • Estratégia e tese de inovação (onde apostar, com qual apetite de risco e horizonte de tempo). 
  • Gestão de portfólio (balancear incremental, adjacente e transformacional). 
  • Processos e governança (como as ideias viram pilotos e como pilotos viram escala). 
  • Capacitação e cultura de inovação (competências, rituais e incentivos). 
  • Conexões externas (parcerias, universidades, startups, programas de inovação aberta). 

Modelos organizacionais mais usados (e quando escolher cada um)

Uma área de inovação robusta não depende de um único método, e sim de um sistema de decisão repetível. Um fluxo simples e efetivo costuma ter cinco etapas: 

1) Tese de inovação e arenas 

Defina 3 a 6 “arenas” (ex.: eficiência operacional com IA, novos serviços digitais, cadeia de suprimentos, experiência do cliente). Isso reduz dispersão e melhora a qualidade do pipeline. 

2) Intake padronizado e triagem 

Crie um formulário curto para ideias e oportunidades com: problema, público, impacto esperado, premissas e riscos. A triagem deve ser rápida (SLA claro) para manter confiança no processo. 

3) Discovery e validação (antes do piloto caro) 

Use experimentos com hipóteses mensuráveis. O objetivo é reduzir incerteza de: 

  • Desejabilidade (cliente quer, paga, usa). 
  • Viabilidade (opera e sustenta). 
  • Factibilidade (TI, dados, segurança, integrações). 

4) Piloto com critérios de decisão 

Piloto deve nascer com definição de sucesso, métrica de impacto, janela de execução e dono da área que operará em escala. 

5) Transição para escala (o ponto onde muitos travam) 

Padronize uma “passagem de bastão” com checklists para TI, jurídico, segurança, compras e operação, além de orçamento e capacidade do time que assumirá. Essa etapa é mais governança do que criatividade. 

Governança: comitês, rituais e orçamento

Uma área de inovação precisa de governança leve, porém inequívoca. 

  • Patrocínio executivo: inovação sem sponsor tende a competir mal por recursos. 
  • Comitê de portfólio: mensal ou bimestral, decide entradas, saídas e escalas. 
  • Orçamento por horizontes: reserve faixas para incremental, adjacente e transformacional. 
  • Política de riscos: defina o que é aceitável em dados, compliance, marca e finanças por tipo de iniciativa. 

Em cenários de incerteza, pesquisas com executivos mostram que a inovação continua no topo da agenda, com 79% colocando inovação entre as três principais prioridades e 66% planejando aumentar investimentos, o que reforça a necessidade de um mecanismo interno de alocação e priorização.  

Papéis e competências mínimas do time

Um desenho enxuto e escalável para empresas médias e grandes: 

  • Head de Inovação: estratégia, portfólio, governança e influência. 
  • Product/Innovation Managers: conduzem iniciativas, discovery e pilotos. 
  • Design e pesquisa: entendimento de problema, protótipos, testes. 
  • Data/Tech enabler (ponte com TI): arquitetura, dados, integrações e viabilidade. 
  • PMO leve: cadência, indicadores e comunicação. 

Competências-chave: visão de negócio, gestão de produto, experimentação, gestão de mudança, negociação com áreas e leitura financeira básica (ROI, payback, unit economics quando aplicável). 

Indicadores de inovação que ajudam a gestão

Evite medir apenas volume de ideias. Um conjunto útil combina eficiência do funil e impacto do portfólio: 

  • Velocidade: lead time do intake ao piloto, e do piloto à escala. 
  • Qualidade do pipeline: % de iniciativas alinhadas à tese, taxa de progressão por etapa. 
  • Impacto: receita incremental, redução de custos, NPS/CSAT, produtividade, risco mitigado. 
  • Adoção: uso recorrente, retenção, cobertura operacional. 
  • Aprendizado: hipóteses testadas, decisões tomadas, reuso de componentes. 

Boas práticas para sustentar cultura de inovação sem virar “programa”

  • Metas claras e realistas por área, conectadas ao portfólio. 
  • Rituais de aprendizado, com encerramento formal de iniciativas que não passaram nos critérios. 
  • Capacitação prática, com playbooks de discovery/piloto/escala. 
  • Reconhecimento por colaboração, porque escalar depende de várias áreas. 
  • Comunicação de portfólio, mostrando o que entrou, o que saiu e por quê. 

Perguntas frequentes

Qual é o primeiro passo para estruturar a inovação? 
Definir tese e arenas, e criar um funil simples com governança de portfólio. Isso evita dispersão e acelera decisões. 

Innovation lab é suficiente? 
O lab ajuda na experimentação, mas sem governança de escala, integração com TI e donos de negócio, ele tende a gerar pilotos isolados. 

Onde a área de inovação deve se reportar? 
Funciona melhor quando há proximidade com estratégia e operação, com patrocínio executivo. O essencial é garantir poder de coordenação e orçamento. 

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