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O Programa Especial de Sustentabilidade da Indústria Química (PRESIQ), previsto no PL 892/2025, cria um novo marco de incentivos fiscais e financeiros para modernizar, descarbonizar e aumentar a competitividade da indústria química brasileira, com vigência estimada entre 2027 e 2031. Com projeções de R$ 112 bilhões adicionais no PIB, 1,7 milhão de empregos e redução de 30% das emissões de CO₂ por tonelada produzida, o programa reorganiza a relação entre política tributária, inovação e sustentabilidade, exigindo das empresas planejamento antecipado de investimentos, portfólio e governança ambiental.
Programa Especial de Sustentabilidade da Indústria Química

Programa Especial de Sustentabilidade da Indústria Química (PRESIQ): por que ele muda o jogo para o setor 

O Programa Especial de Sustentabilidade da Indústria Química (PRESIQ) foi sancionado em 8 de dezembro de 2025, após a aprovação do PL 892/2025 pelo Congresso Nacional. A sanção estabelece um novo marco de incentivos orientados à modernização produtiva, redução de emissões e aumento da competitividade da indústria química brasileira, além de definir diretrizes específicas para mitigar a elevada capacidade ociosa que caracteriza o setor. Com vigência prevista para o período de 2027 a 2031, o programa oferece previsibilidade regulatória e fiscal para orientar investimentos de médio e longo prazo. 

O PRESIQ conecta incentivos fiscais, sustentabilidade e inovação em um único instrumento de política industrial. Em um setor que movimenta mais de US$ 160 bilhões por ano, emprega milhões de pessoas e enfrenta competição intensa de importados, o programa abre uma oportunidade para reposicionar a química brasileira no mercado global. 

Ao estruturar incentivos fiscais e financeiros atrelados à produtividade e à sustentabilidade, o PRESIQ vai além da lógica de desoneração pontual e passa a atuar como um instrumento de reindustrialização, com foco em eficiência, inovação e redução de emissões. 

O contexto da indústria química: grande, estratégica e pressionada

Apesar da sua relevância econômica, a indústria química brasileira enfrenta desafios estruturais: 

  • Mais de 2 milhões de empregos diretos e indiretos dependem da cadeia química; 
  • A capacidade instalada ociosa permanece elevada, com taxas de utilização entre 60% e 65%; 
  • O déficit da balança comercial química segue entre os mais altos da economia, refletindo a forte dependência de importações; 
  • Os custos de energia, matérias-primas e logística pressionam margens e reduzem competitividade; 
  • A agenda global de descarbonização exige modernização e investimentos em tecnologia, eficiência energética e novas rotas químicas. 

Ao mesmo tempo, há um potencial expressivo de melhoria operacional e ambiental. A adoção de rotas baseadas em gás natural, biomassa, hidrogênio verde e reciclagem avançada pode reduzir de forma consistente emissões por tonelada produzida, mas depende de previsibilidade regulatória e estímulos claros. 

O PRESIQ se insere nesse contexto como um programa que une incentivos econômicos e diretrizes técnicas para estimular produtividade, inovação e sustentabilidade. 

O que é o PRESIQ e quais são seus principais eixos

O programa substitui gradualmente o REIQ e orienta benefícios com base em critérios de eficiência, inovação e descarbonização, com dois eixos estruturantes: 

  1. Eixo Industrial

Voltado à operação atual da indústria química, com foco em: 

  • Competitividade na aquisição de matérias-primas como nafta e correntes petroquímicas; 
  • Modernização de plantas industriais, integrando tecnologias com menor impacto ambiental; 
  • Substituição de insumos fósseis por alternativas de menor pegada de carbono; 
  • Ampliação do uso de biomassa, reciclados e soluções de economia circular; 
  • Redução direta da capacidade ociosa instalada, ao tornar mais competitiva a operação das unidades industriais. 

Além disso, o texto legal prevê redução de alíquotas de PIS e Cofins sobre produtos vendidos pelo setor dentro do atual REIQ durante o período de transição, reduzindo custos operacionais enquanto o novo regime é implementado. 

  1. Eixo Investimento

Destinado a projetos de expansão e transformação industrial: 

  • Aumento de capacidade produtiva com tecnologias mais eficientes e sustentáveis; 
  • Digitalização, automação e eficiência energética como elementos centrais de competitividade; 
  • Projetos de P&D e inovação conectados à modernização e às metas ambientais; 
  • Iniciativas de formação profissional e ações socioeducativas; 
  • Incentivos específicos para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, com foco na interiorização da industrialização e no fortalecimento da bioeconomia e de cadeias produtivas regionais. 

Com esses instrumentos, o PRESIQ torna-se uma política industrial estruturada para conectar competitividade, sustentabilidade e desenvolvimento regional. 

Números que ajudam a entender o impacto potencial do PRESIQ

Indicadores estruturais mostram por que o programa é estratégico: 

  • O setor é o 3º maior da indústria de transformação, movimentando entre US$ 160 e 170 bilhões por ano; 
  • A capacidade instalada apresenta ociosidade entre 30% e 40%, sinalizando potencial de retomada de produção local; 
  • O déficit da balança comercial química é bilionário e persistente; 
  • Investimentos em P&D ficam abaixo de 2% do faturamento, abaixo da média global; 
  • Tecnologias de menor carbono podem reduzir emissões de forma relevante e abrir novos mercados. 

Ao incentivar modernização, expansão e novas rotas produtivas, o PRESIQ pode alterar esse quadro ao estimular investimentos e reduzir custos estruturais. 

Oportunidades estratégicas para empresas da indústria química

Com o programa sancionado, as empresas devem considerar: 

  • Identificação de plantas, linhas de produção e processos que podem se enquadrar nas modalidades do PRESIQ; 
  • Revisão do portfólio de matérias-primas para favorecer soluções de menor impacto ambiental e maior competitividade tributária; 
  • Integração entre áreas de engenharia, fiscal, ESG e P&D para qualificar projetos e comprovar elegibilidade; 
  • Estruturação de iniciativas de eficiência energética, modernização e inovação com documentação robusta; 
  • Exploração dos incentivos regionais, especialmente para empresas com atuação no Norte, Nordeste e Centro-Oeste; 
  • Planejamento de investimentos de longo prazo alinhado ao cronograma de vigência do programa. 

A capacidade de antecipar movimentações e estruturar governança adequada será decisiva para capturar os benefícios previstos. 

A sanção do PRESIQ em 8 de dezembro de 2025 consolida um marco renovado para a indústria química nacional. Ao integrar incentivos econômicos, modernização produtiva, redução de emissões e desenvolvimento regional, o programa se posiciona como um dos principais vetores da reindustrialização sustentável do setor químico. Empresas que se estruturarem desde já terão condições de reduzir custos, aumentar competitividade e ampliar investimentos nos próximos anos. 

PRESIQ como eixo da reindustrialização sustentável da química

O Programa Especial de Sustentabilidade da Indústria Química (PRESIQ) não se limita a uma alteração de benefícios fiscais. Ele reposiciona a indústria química brasileira em direção a uma agenda de reindustrialização sustentável, combinando três elementos que raramente caminham juntos: previsibilidade regulatória, estímulo econômico e direcionamento para tecnologias mais limpas. 

Para um setor grande, estratégico e pressionado por custos e importações, o programa cria uma oportunidade de recuperar competitividade, aumentar investimentos produtivos e acelerar a transição para modelos de menor carbono. O próximo passo, do lado das empresas, é estruturar projetos, dados e governança para utilizar o PRESIQ como alavanca de transformação, e não apenas como um benefício acessório. 

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