Contato

Nesse Artigo

Se a sua empresa é Lucro Real e investe em P&D, a Lei do Bem na prática transforma dispêndios elegíveis em deduções adicionais que reduzem o custo efetivo dos projetos e aumentam o ROI. O segredo está no enquadramento correto (o que é P&D de fato), na rastreabilidade de horas e custos e em evidências técnicas bem documentadas para sustentar a dedução. Assim, o incentivo vira economia real em IRPJ/CSLL e libera caixa para reinvestir em inovação.
Lei do Bem na prática

Lei do Bem na prática: como os incentivos viram economia real para as empresas 

Se a sua empresa apura pelo Lucro Real e investe em P&D tecnológico, a Lei do Bem pode transformar dispêndios elegíveis em deduções adicionais sobre a base do IRPJ/CSLL. Na prática, isso barateia o custo do P&D e libera caixa para reinvestir em inovação, desde que o mapeamento, a mensuração e as evidências técnicas estejam bem estruturados. 

Com um bom enquadramento e documentação, a Lei do Bem reduz o custo efetivo dos projetos e melhora o ROI do seu portfólio de inovação. 

Por que, “na prática”, muita empresa deixa dinheiro na mesa

Mesmo com o incentivo disponível, dois erros são recorrentes: 

  • Classificação incorreta de despesas (confundir manutenção/rotina com P&D). 
  • Evidências técnicas fracas (lacunas de método, rastreabilidade e resultados). 

O efeito é direto: base dedutível menor e benefício aquém do potencial. 

Regra de ouro: só é P&D quando há objetivo técnico, incerteza tecnológica, método experimental, equipe envolvida e rastreabilidade de horas/custos. 

O que entra como dispêndio de P&D e o que fica de fora

Elegíveis (exemplos): 

  • Horas da equipe técnica diretamente envolvida (com apontamento formal e rateio). 
  • Materiais/insumos para protótipos, provas de conceito e testes. 
  • Serviços de terceiros ligados ao escopo técnico (laboratórios, ensaios, consultorias). 
  • Softwares e ferramentas instrumentais ao desenvolvimento/experimentação. 
  • Depreciação proporcional de equipamentos usados no P&D. 

Não elegíveis (típicos): 

  • Rotina operacional ou melhorias sem incerteza tecnológica. 
  • Implantação comercial de um produto já pronto. 
  • Marketing, vendas e suporte ao cliente. 
  • Treinamentos genéricos ou obrigações regulatórias sem caráter de P&D. 

Passo a passo do cálculo: com exemplo didático

Cenário ilustrativo (valores hipotéticos): 

  • Dispêndios elegíveis em P&D no ano: R$ 5.000.000 
  • Lucro Real antes da Lei do Bem: R$ 20.000.000 
  • Alíquotas combinadas (ilustrativas): IRPJ 25% + CSLL 9% = 34% 

1) Dedução “adicional” (conforme regras/porte/condições): suponha 60% sobre os R$ 5 milhões → R$ 3.000.000 de dedução adicional. 
2) Nova base de Lucro Real: R$ 20.000.000 → R$ 17.000.000. 
3) Economia tributária estimada: 34% de R$ 3.000.000 = R$ 1.020.000. 
4) Efeito no custo do projeto: custo “bruto” R$ 5.000.000 – economia R$ 1.020.000 = R$ 3.980.000 (≈ 20,4% de alívio). 

Leitura prática: a Lei do Bem reduz o custo efetivo do P&D. Percentuais variam (e podem ser majorados por mestres/doutores, patentes etc.). Simule cenários conservadores e documente tudo. 

Como provar que o projeto é P&D, sem dor de cabeça

  1. Objetivo técnico claro: problema, hipótese, incerteza tecnológica. 
  2. Plano e método: design de testes, critérios de sucesso, governança. 
  3. Rastreabilidade: apontamento de horas por pessoa/tarefa; vínculo a WBS. 
  4. Evidências vivas: atas, commits, relatórios de sprint, ensaios, falhas e lições. 
  5. Resultados: protótipos/PoCs, TRLs atingidos, especificações novas/melhoradas. 
  6. Relatório técnico final aderente às diretrizes do MCTI (e Portaria vigente). 

Checklist rápido: objetivo técnico → método → execução com evidências → resultados → relatório. 

Linha do tempo recomendada (ano-calendário)

  • Mês 0–1: diagnóstico de elegibilidade + plano de medição de horas/custos. 
  • Mês 2–10: execução do P&D com evidências contínuas (não deixe para o fim). 
  • Mês 11–12: consolidação de relatórios técnicos e cruzamentos contábeis. 
  • Pós-fechamento: submissões/conformidades conforme normas aplicáveis. 

Erros que mais reduzem o benefício e como evitar

  • Chamar inovação operacional de P&D → defina incerteza técnica e método. 
  • Apontamentos imprecisos de horas/equipe → sistema, alçadas e trilhas de auditoria. 
  • Sem nexo entre custo e objetivo técnico → vincule NF/centro de custo a tarefas. 
  • Relatórios genéricos → escreva para o auditor técnico, detalhe escolhas e evidências. 

Lei do Bem na prática: Indicadores para mostrar a economia real ao CFO

  • Custo efetivo do P&D = dispêndio elegível – economia fiscal estimada. 
  • % de alívio = economia fiscal / dispêndio elegível. 
  • Payback do portfólio: impacto da dedução na curva de caixa. 
  • Reinvestimento: % do benefício realocado em novos projetos. 

Governança que acelera: medir, comparar e reaplicar o benefício amadurece o P&D e fortalece o pipeline de inovação. 

 

Leave a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *