Na pré-COP30, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou um plano que busca mais do que ampliar recursos para o clima: propõe uma nova arquitetura financeira global capaz de destravar US$ 1,3 trilhão anuais até 2035.
No centro dessa proposta está o Círculo de Ministros de Finanças, grupo inédito que reúne 35 países em torno de uma agenda pragmática para viabilizar transição justa e sustentável.
Um mecanismo inovador de coordenação
O Círculo, liderado pelo Brasil, nasce como infraestrutura de governança entre ministérios da Fazenda, bancos multilaterais, setor privado e sociedade civil. Desde abril, promoveu mais de 25 consultas formais e consolidou três grupos consultivos que alinharam estratégias de investimento e integraram diferentes perspectivas de financiamento climático: público, privado e híbrido.
As cinco prioridades estratégicas para o financiamento climático
O relatório consolida cinco prioridades formuladas a partir de 1.200 contribuições coletadas ao longo do ano:
- Aumentar financiamento concessional: Ampliar fluxos de fundos climáticos com previsibilidade e condições adequadas, com foco em adaptação e transição justa.
2.Fortalecer capacidades domésticas: Criar ambiente institucional que atraia capital e dê segurança ao investimento sustentável.
- Inovação financeira: Desenvolver instrumentos de mitigação de risco e multiplicadores de impacto.
4.Marcos regulatórios: Garantir integridade e interoperabilidade dos mercados financeiros verdes.
- Reformar bancos multilaterais: Tornar as instituições mais ágeis e orientadas a resultados climáticos mensuráveis.
Três iniciativas para destravar o sistema
- Fundo Florestas Tropicais para Sempre:
Um modelo de investimento contínuo, não apenas doação. Os recursos aplicados geram retorno financeiro e ampliam a proteção das florestas tropicais, criando um ciclo virtuoso de financiamento sustentável.
- Coalizão Aberta de Mercados de Carbono:
Aliança para harmonizar regras e interoperar sistemas regulados, elevando liquidez, reduzindo custos e acelerando a precificação global do carbono.
- Supertaxonomia:
Um framework comum que traduz diferentes taxonomias nacionais em uma linguagem única para finanças sustentáveis, facilitando investimentos transfronteiriços e ampliando confiança entre mercados.
Próximos passos
O relatório final será apresentado em Washington durante os Encontros Anuais do Banco Mundial e FMI, e depois debatido em São Paulo, antes da COP30 em Belém, quando as propostas deverão ganhar contorno político e operacional.
Mais do que um plano técnico, a proposta liderada por Haddad representa uma tentativa de redesenhar as engrenagens do financiamento climático global.
Ao combinar inovação financeira, coordenação multilateral e pragmatismo político, o Brasil se posiciona não apenas como articulador da COP30, mas como agente de transformação estrutural de um sistema que precisa evoluir para financiar o futuro.





