De acordo com o BTG Pactual, o Brasil e o Chile estão entre os países mais atrativos da América Latina para novos investimentos em data centers. A explicação está na combinação de demanda crescente por serviços digitais, expansão de IA e cloud, além do potencial energético da região.
Hoje, a América Latina concentra cerca de 5% da capacidade global de data centers, segundo a Structure Research, e grande parte desse volume vem justamente do Brasil e do Chile. Só o Brasil já responde por mais de 50% do mercado regional, atraindo players como Google, Microsoft e Amazon Web Services.
Oportunidades no Brasil e no Chile
O relatório reforça que os dois países são vistos como hubs digitais estratégicos. Alguns destaques: Explosão da nuvem e da IA: o mercado de cloud computing na América Latina deve movimentar US$ 30 bilhões até 2027 (IDC). Isso exige mais capacidade de armazenamento e processamento em data centers locais. Energia limpa como vantagem competitiva: o Chile já gera mais de 60% da sua matriz energética de fontes renováveis (solar e eólica), enquanto o Brasil combina hidrelétricas com uma expansão acelerada da energia solar, que cresceu mais de 80% só em 2024 (Aneel). Geopolítica digital: a proximidade com cabos submarinos que conectam América Latina, EUA e Europa torna a região estratégica para o tráfego de dados. Esses fatores posicionam Brasil e Chile como destinos de preferência para empresas globais que precisam expandir infraestrutura.
Desafios para consolidação
Apesar da atratividade, ainda há obstáculos que podem frear o avanço:
- Regulação fragmentada: falta de padronização em legislações ambientais e fiscais atrasa projetos.
- Uso limitado das renováveis: em muitos casos, a infraestrutura para transmitir e distribuir energia solar ou eólica não acompanha o ritmo de demanda dos data centers.
- Infraestrutura crítica: os custos de resfriamento (cooling) representam até 40% do consumo de energia em um data center, o que aumenta a pressão por soluções mais sustentáveis.
Ou seja: o título de “paraíso” só se confirma se houver inovação regulatória e energética.
Perspectivas futuras
O avanço de tecnologias como 5G, edge computing e IA generativa deve multiplicar a demanda por data centers na região. Estimativas do Markets and Markets apontam que o mercado latino-americano de data centers deve crescer a uma taxa anual de 7,5% até 2030, alcançando mais de US$ 10 bilhões em valor de mercado.
Nesse cenário, Brasil e Chile podem se consolidar como hubs digitais globais, não apenas regionais. Para isso, será crucial:
- Incentivar marcos regulatórios claros que acelerem a instalação.
- Expandir a integração de energias renováveis com foco em sustentabilidade.
- Atrair capital estrangeiro para manter a competitividade frente a outros mercados emergentes.
O relatório do BTG Pactual confirma uma tendência: Brasil e Chile já estão no radar das maiores empresas globais de tecnologia como polos digitais da América Latina. O potencial é imenso, mas a consolidação depende de soluções estruturais em regulação e energia limpa.
Se os países conseguirem transformar seus recursos em vantagem estratégica, podem se tornar não apenas “paraísos” regionais, mas referências mundiais em infraestrutura digital sustentável.
O Brasil concentra mais de 50% da capacidade de data centers da região, segundo a Structure Research. Esse protagonismo se deve à alta demanda por serviços digitais, ao crescimento acelerado da computação em nuvem e ao fato de o país ser porta de entrada de cabos submarinos que conectam a América Latina aos EUA e à Europa.
O Chile vem se consolidando como hub regional graças à sua matriz energética renovável, que já responde por mais de 60% da geração elétrica nacional. Isso torna o país atraente para gigantes de tecnologia que buscam reduzir a pegada de carbono de suas operações. Além disso, o Chile ocupa posição estratégica para conectar a América do Sul à Ásia via cabos submarinos no Pacífico.
De acordo com a Markets and Markets, o setor de data centers na região deve crescer a uma taxa de 7,5% ao ano até 2030, alcançando mais de US$ 10 bilhões em valor de mercado. Esse crescimento é impulsionado pela expansão do 5G, da inteligência artificial generativa e do aumento exponencial de dados produzidos por empresas e consumidores.
Apesar das vantagens competitivas, o relatório do BTG Pactual alerta para:
- Burocracia regulatória, que pode atrasar a instalação de novas estruturas.
- Limitações no uso de renováveis, já que a infraestrutura de transmissão nem sempre acompanha a demanda.
- Consumo energético elevado, com até 40% da energia gasta em resfriamento (cooling), o que aumenta a pressão por eficiência.
O setor é intensivo em consumo de energia. Um data center de grande porte pode gastar energia equivalente ao consumo de 100 mil residências. Por isso, Brasil e Chile têm vantagem: o primeiro pelo potencial hidrelétrico e solar (crescimento de 80% da solar em 2024, Aneel), e o segundo por liderar na matriz renovável com foco em solar e eólica.