Recentemente, a AWS sofreu uma interrupção de grande escala demonstrando como, mesmo fornecedores de nuvem de nível global, podem se tornar um ponto único de falha e sua empresa, se depender majoritariamente da nuvem, pode também estar vulnerável.
Desta forma, se a sua empresa utiliza a nuvem para suportar atividades elegíveis ao Lei do Bem (P&D, inovação tecnológica, etc.), vale reforçar que não basta ter a infraestrutura: é preciso assegurar resiliência, continuidade e governança.
A governança de nuvem é o elemento central que garante controle, segurança e continuidade em ambientes digitais complexos. Mais do que um conjunto de políticas, ela define quem decide, o que é monitorado e como a empresa reage a incidentes, assegurando que a infraestrutura em nuvem esteja alinhada às metas de negócio e às exigências de conformidade. Uma boa governança permite equilibrar agilidade com controle, reduzindo riscos de falhas operacionais, vazamentos de dados e interrupções de serviços. Para empresas que utilizam recursos da Lei do Bem, ela é ainda mais estratégica — pois garante que os investimentos em P&D e inovação sejam sustentáveis, auditáveis e compatíveis com boas práticas de gestão tecnológica.
A seguir, veja 4 dicas práticas para reduzir o risco de falhas na nuvem — e transformar a resiliência em parte da sua estratégia de TI.
1. Adote arquitetura multi–região ou multi-nuvem
Uma das lições mais claras da recente falha da AWS é que colocar todos os recursos críticos em uma única região ou mesmo em um único provedor pode levar a paralisações amplas.
Por que isso é importante:
- Dependência em um único fornecedor ou região = risco concentrado. Quando uma falha acontece (como DNS, API, controle ou rede) tudo pode parar.
- Uma arquitetura distribuída permite “failover” ou continuidade em outro ambiente, reduzindo downtime.
Dica prática:
- Escolha pelo menos duas regiões separadas geograficamente (ou dois provedores de nuvem) onde você possa fazer “standby” ou replicação dos recursos críticos.
- Defina claramente quais cargas de trabalho são críticas (por exemplo: sistemas de P&D, servidores de produção, bancos de dados) e assegure que tenham um plano de replicação ou failover.
- Teste o failover periodicamente (sem esperar que um incidente real ocorra).
2. Monitoramento, alertas e automação de failover
Ter muitos recursos distribuídos não basta: é preciso visibilidade, alertas e automação para reagir rapidamente em caso de falha.
Por que isso importa:
- Quando uma falha acontece, se você estiver “cego” (sem logs, sem dash-boards, sem alertas), pode demorar muito para identificar o problema ou, pior, você pode tomar uma ação errada.
- Automação de failover (ou pelo menos scripts prontos) permite reduzir o “tempo de recuperação” (MTTR).
Dica prática:
- Implemente monitoramento de saúde dos serviços, latência, erros de API, falhas de autenticação etc.
- Configure alertas e, se possível, mecanismos de resposta automática (por exemplo: redirecionamento de tráfego, ativação de instâncias standby).
- Estabeleça “runbooks” (guias de ação) para membros da equipe saberem o que fazer quando um alerta grave disparar.
- Inclua logs de auditoria e revisões para entender o que falhou, e aproveite para aprender com isso.
“Monitorar não é opção — é pré-requisito. Sem visibilidade, você fica à mercê da falha silenciosa.”
3. Revisão de dependências externas e contingência para serviços críticos
Muitas falhas em nuvem ocorrem não apenas por falha do provedor, mas por dependências mal avaliadas: DNS, autenticação, backups, APIs de terceiros.
Por que isso é importante:
- Mesmo se sua aplicação estiver distribuída, se ela depende de um serviço externo (por exemplo DNS ou identidade) que falhar, seu sistema todo para.
- Ter backups ou contingências apenas dentro da mesma plataforma pode não ser suficiente; se o provedor falhar, seu “plano B” também cai.
Dica prática:
- Mapear todas as dependências de sua aplicação: DNS, IAM, API externas, CDN, serviços de autenticação.
- Para cada dependência, perguntar “o que acontece se ela falhar?” e ter um plano de contingência.
- Garantir que backups, logs, chaves de criptografia (KMS, etc) estejam em ambiente separado ou possibilidade de acesso fora da plataforma principal.
- Treinar cenários de falha: e se o serviço X falhar, e se o provedor Y ficar indisponível.
“A falha pode não vir da nuvem pode vir do serviço que você nem sabia que dependia.”
4. Teste de resiliência, simulações de falha e governança constante
Finalmente: não basta projetar bem — é preciso testar regularmente. Simulações de falha, “chaos engineering” e auditorias periódicas ajudam a garantir que o plano funciona quando for necessário.
Por que isso vale a pena:
- Muitas empresas só descobrem que o plano falha quando a falha real acontece — neste ponto, já é tarde demais.
- Governança contínua ajuda a manter o estado de prontidão, revisar mudanças, atualizar dependências, e evitar “drift” no ambiente de nuvem.
Dica prática:
- Realize exercícios de “failover” ou “drills” (por exemplo: desligar uma zona/região e ver se a aplicação continua viva).
- Defina indicadores de governança: quanto tempo leva para retornar uma instância, qual o SLA interno aceitável, quantas falhas detectadas vs resolvidas.
- Documente procedimentos, revisite-os após cada exercício ou incidente, e incorpore aprendizados.
- Envolva stakeholders: TI, negócios e compliance (inclusive se for utilizar benefícios da Lei do Bem, assegure que a infraestrutura de inovação está coberta por esses controles).
“Planejar é bom, testar é melhor — a resiliência se constrói antes da falha, não depois.”
A adoção de serviços em nuvem traz muitos benefícios para empresas inovadoras — especialmente aquelas que se beneficiam da Lei do Bem ao investir em P&D, tecnologia e automação. Mas essa vantagem vem junto com responsabilidade: garantir que a infraestrutura, os processos e os controles estejam preparados para falhas. Seguindo as quatro dicas acima — arquitetura distribuída, monitoramento ativo, avaliação de dependências e testes contínuos — a sua empresa estará muito mais resiliente.
Lembre-se: não é se vai haver uma falha, é quando. E estar pronto fará a diferença entre um “revés” e uma “crise”.





